A diferenciação sexual em mamíferos principia-se na fertilização, com a produção de um dos dois tipos distintos de zigotos: um com um par XX (género feminino) de cromossomas sexuais ou um com par XY (género masculino). É a informação genética do cromossoma sexual que estabelece se o desenvolvimento se efectua num sentido da masculinidade ou da feminilidade.
Todavia, é relevante ter em consideração que o desenvolvimento sexual sobrevém segundo um princípio um tanto para o peculiar – até por volta das 6 semanas de gestação, o ser humano é programado para desenvolver corpos femininos.
Os homens desenvolvem corpos masculinos somente porque o seu programa substancialmente feminino de desenvolvimento é revogado. Este processo encontra-se relacionado com o antigénio H – Y, proteína desencadeada pelo cromossoma Y (através do gene SRY), que faz com que a medula de cada gónada engrandeça e se transforme num testículo.
Comparativamente às divergências que se pode presenciar a nível cerebral em ambos os sexos, verifica-se que o cérebro dos homens e mulheres são semelhantes, contudo não idênticos. Os cérebros dos homens tendem a ser, em média, cerca de 15% maiores. Todavia, isso não os torna mais resistentes. De facto, devido à porção de testosterona com que o feto é envolvido (com quantidades idênticas à de um adulto) ainda no útero materno, tornam-se mais vulneráveis, com maiores probabilidades de sofrerem lesões ou das suas mães abortarem. Esta porção elevada de testosterona provoca, analogamente, um aumento de peso nos bebés, daí os bebés masculinos serem mais pesados que os femininos.
Um outro aspecto relevante de se elucidar advém do facto de com ¼ da porção cerebral com que o ser humano nasce, os bebés do sexo feminino são, inequivocamente, mais maduros que os do sexo oposto e, similarmente, mais atenciosos.
Diversas foram as experiencias efectivadas em torno das diferenças de género. Uma delas consistia, essencialmente, em a mãe do bebé colocar o seu filho numa divisão disjunta do compartimento onde esta se encontrava por uma pequena parede. Posteriormente a esta pequena separação da sua mãe, observou-se uma diferença particular, a nível de géneros, no que respeita à reacção a níveis de frustração. Enquanto que os rapazes, com um nível de autonomia mais desembotado, tentavam passar para o outro compartimento onde a mãe se encontrava (tentando saltar a parede, por exemplo), as raparigas limitavam-se a ficarem imóveis a chorarem, na esperança que alguém as auxiliasse.
Uma outra experiencia consumada, esta realizada com crianças de 3 anos, baseava-se no experimentador conceder à criança uma boneca defeituosa em que, quando esta lhe pegasse, cairia uma perna. Relativamente aos sentimentos vivenciados pelas crianças, constatou-se que enquanto as meninas declaravam um instinto de culpa e de cuidado (atribuíam a queda da perna da boneca a uma causa interna), os rapazes, por sua vez, não se preocupavam em consertar a boneca por considerarem que a culpa não era deles (atribuição a uma causa externa). A chave para que as raparigas experienciem esse certo cuidado e estima pelos objectos e consigam estabelecer uma grande empatia com as pessoas, reside na produção de uma hormona – a oxitocina, cuja função é a de fomentar as contracções uterinas no decorrer do parto, ejecção do leite aquando a amamentação, assim como o desenvolvimento da empatia. Daí se referir que enquanto os rapazes tentam perceber como as coisas funcionam, as raparigas tentam perceber como as pessoas funcionam.
Helen Fisher, antropóloga da Universidade Rutgers, dedicou-se, ao longo de 20 anos, aos estudos das diferenças de género e aos mecanismos que se encontram na base das mesmas. Já nos tempos primórdios que os homens se devotavam à caça e à protecção enquanto que às mulheres competia a procura de raízes para comerem, cuidar dos filhos, etc. Para cuidar dos seus filhos utilizavam, essencialmente a linguagem, (daí o estereotipo referente às mulheres verbalizarem mais do que os homens – entenda-se que não era um comportamento propriamente adaptativo no decorrer de uma caçada).
No campo da memória e das percepções, podemos salientar, igualmente, algumas diferenças entre homens e mulheres. A favor do género masculino consideram-se as tarefas viso – espaciais, tarefas espacio – temporais e testes de raciocínio mecânico. A favor do género feminino, apontam-se as tarefas verbais e algumas tarefas de memória.
Relativamente à organização cerebral e à psicofisiologia, subsistem dados de idêntica pertinência quando se trata de debater as discrepâncias de género. Devido a possuírem um cérebro mais compartimentado e lateralizado (os dois hemisférios não se encontram bem conectados), os homens dispõem de uma peculiar dificuldade em transmitirem as suas próprias emoções. Facto contrário nas mulheres que, por possuírem um istmo cerca de 10% mais espesso que os homens, para além de lhes ser mais fácil a transmissão de emoções, também conseguem ostentar uma multifuncionalidade, ou seja, conseguem realizar diversas tarefas no mesmo espaço de tempo.
Ainda no domínio da psicofisiologia, é um facto consumado de que o cérebro masculino exibe entre 10 e 20 milhões de neurónios a mais do que o cérebro feminino. No entanto, devido à existência de 100 bilhões de neurónios, pode-se referir que essa diferença morfológica é relativamente diminuta. Tal facto compromete uma menor especialização cerebral por parte da mulher nas funções superiores, como a linguagem e a inteligência espacial.
Um último aspecto, e o mais curioso, relativamente às diferenças de género, advoga que as crianças expostas a uma dose maior de testosterona propendem a ter dedos anelares mais compridos e as expostas a uma dose superior de estrogénios dispõem de um dedo indicador mais longo. Um estudo, que abarcou 75 crianças de sete anos de idade, desvendou que crianças com o dedo anelar mais estreito comparativamente ao indicador, manifestaram resultados mais satisfatórios em testes de linguagem do que de matemática. Constatou-se, de igual forma, que os futebolistas apresentam um dedo anelar significativamente maior do que o indicador, anunciando, assim, que foram expostos a níveis elevados de testosterona aquando o seu desenvolvimento fetal.
Numa análise mais pessoal, a apreensão de todas estas vicissitudes apresentam um certo grau de importância, na medida em que para apreendermos o desenvolvimento humano na sua concepção, é conveniente que se esteja consciencializados de todas estas diferenças para não se tecerem juízos erróneos acerca, a título de exemplo, de uma determinada capacidade cognitiva (e.g. julgar o Rui, de 12 anos, mais inteligente que a Maria da mesma idade, por este desempenhar tarefas que assentam num raciocínio mecânico mais rapidamente, e de um modo mais eficaz, do que a Maria).
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Menino ou Menina: Uma Visão Desenvolvimentista
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3 comentários:
Porque é que os homens são tão parecidos co os espermatozóides?
Porque num milhão só um se safa.
Execelente visita esta que acabei de fazer, porque aprendi algo.
É com satisfaçao que tenho esse feedback do teu comentário (no que diz respeito a teres aprendido algo com o post).
Cumprimentos
Caro colega, o seu post é bastante interessante, apesar da fraca piada dos espermatozoides, pareceu me nao ficou bem clara a ideia de que tanto homens como mulheres têm limitaçoes, aeras fracas, e areas fortes!
É considero muito importante que tenhas mostrado que é somente uma questão biologica e não de os homens, ou as mulheres se tratarem do sexo forte.
Sobre isto aconcelho a ler o livro "Porque é que os Homens Nunca se Lembram e as Mulheres Nunca se Esquecem" de Marianne J. Legato , uma leitura interessante, e a prova do "afastamento" emocional que têm os individuos do sexo masculino, e a "extrema emotividade" das mulheres,e assim como diz o titulo, da sua estupenda memória.
Cumprimentos
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