sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Síndrome de Munchausen (por Procuração)


O Síndrome de Munchausen (designação derivada do Barão de Münchhausen, a quem é atribuído uma série de contos fantásticos), pode ser compreendido como um distúrbio psicológico em que o paciente, num acto compulsivo, deliberado e contínuo, origina, provoca ou simula sintomas patológicos, com o único intuito de obter assistência médica e/ou de enfermagem. Igualmente denominada por simulação, é a patologia fictícia com um impacto mais pejorativo, devido à indução de algum sintoma que possa comprometer seriamente a vida do seu portador.

Num panorama mais exclusivo, podemo-nos encontrar perante um tipo específico de Síndrome de Munchausen que se direcciona, com uma grave peculiaridade, às crianças – Síndrome de Munchausen por Procuração. Este síndrome sobrevém quando um parente, geralmente a mãe (cerca de 90% dos casos), de forma sistemática produz, intencionalmente, sintomas no seu filho, colocando-o numa situação de risco (cortes, envenenamentos, queimaduras…) em que seja necessária a intervenção hospitalar.

Este padrão comportamental pode ser desprendido em sujeitos que já experienciaram uma doença grave, em indivíduos que, outrora, foram sujeitos a abusos sexuais e em indivíduos com perturbações de personalidade e / ou perturbações emotivas.

No que diz respeito ao tratamento desta patologia, quando o indivíduo admite a doença (algo que raramente acontece), é aconselhada psicoterapia e acompanhamento farmacológico, nomeadamente antidepressivos, numa primeira fase.
Quando estamos perante um caso de Síndrome Por Procuração é indispensável o retiro da criança do contexto familiar onde o parente portador da doença se encontre.

Tentando alcançar uma abordagem explicativa para esta psicopatologia, diversos são os factores que podem estar na sua génese. Por vezes subsiste, na perspectiva da progenitora, a intenção de conquistar algum proveito pessoal com toda a situação, como por exemplo uma mulher que viva num clima de violência familiar e que deseje chamar a atenção do marido.
Por outro lado, a doença e a hospitalização da criança cria um ambiente psicológico mais confortável para o progenitor ou, ainda, o indíviduo pode manifestar uma percepção alterada da sua sintomatologia e, assim, tenta alcançar uma assistência médica de uma forma compulsiva. Todavia, nos padrões clássicos da doença, a predisposição para provocar a doença não apresenta um objectivo significativamente coerente, não sendo mais do que uma necessidade intrínseca em adoptar o papel de doente ou da pessoa que cuida de um doente (no caso do Síndrome por Procuração).

Um último aspecto a realçar é que nem todos os sintomas são engendrados pelo progenitor. Usualmente, a mãe (ou o pai) limita-se a acumular sintomas às manifestações reais de uma doença que a criança apresenta, ou dando um ênfase maior aqueles que ela já exterioriza.

A título de exemplo tomemos o caso da Rita.
A Rita é uma criança que sofre, unicamente, de asma, todavia a mãe dirige-se ao hospital, exigindo um internamento para a Rita pois a filha apresenta, por vezes, convulsões, hemorragias nasais entre outros sintomas que considere de uma gravidade desmedida.

Para a sinalização desta patologia é necessária uma perspicácia incondicional e mesmo demonstrando a legitimidade de um episódio, é conveniente prosseguir com as investigações de variados eventos para averiguar a coerência entre os dados revelados pelos progenitores e os factos ostentados pelas crianças.

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